Esses dias li um poeta. Talvez Torquato. E ele falava sobre o esgotamento. Não usava essa palavra exatamente, mas foi o que escolhi entender. O "esgotamento das palavas", que de tanto usadas acabam nos limitando em sentimento. Achei essa ordem estranha, as palavras virem antes de nós. Não seriam os gritos, os silêncios, as pausas, o roer das unhas, o embrulho no estômago, o choro, o riso, tímido ou sem vergonha? Não seriam eles a escolher, certeiros, as palavras a serem escritas? Pensei, então, que o problema talvez seja, sim, o esgotamento. O do sentir, antes do semântico. Um esgotamento de sentidos, produto de vícios, só nossos. Na mesma música que vai sempre me trazer você- que talvez já nem seja mais o mesmo; Na mesma marca de cigarro, nem tão boa assim, mas que deixa um gosto de sempre na boca . No mesmo sapato, no mesmo vestido, no mesmo traço, no mesmo passo, na mesma rota que faço. Nos mesmos sempres, sempre tão limitantes. Apaguei o cigarro, troquei a faixa da música. Repeti pra mim: as palavras como consequência de nós.
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