Nada do que trago me aperta o peito ou tão pouco pesa a
alma. Ao contrário, me faz pássaro. Passa. Voa. Passa voando e fica. O que pesa
é o que não trago: tudo aquilo que, por falta de asas ou excessso de chão,
ficou sem passar. E que por isso pesa. Pesa porque existe sem ser. Está mas não
é. Pesa o “quase” que cismo em não trazer.
Nas minhas costas pesou você. Pesou o cordão arrebentado. Pesaram a mala e
a piscina vazias. E pesa. Pesa a distância, todos os dias. Para aliviar meu
esforço, esvaziei a mochila e deixei o silêncio pra lá. Errei. O erro também
pesa. A falta do silêncio deixou um vazio, preenchido por palavras que pesaram
muito mais.
Mas não páro. Sigo andando, sigo em frente. Feito gente que
sente que a inércia pesa mais. Do tempo, não esqueço. E que não me esqueças
também. Que me leve na bagagem, nos segundos que passam, pássaros, que voam,
que ficam, leves.
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