Eu, especialista de saudade, nunca a sentira com tanto sentido.
A saudade tem cheiro de hortência e gosto de feijão com paio. Cabaninhas de Edredom em beliches com histórias inventadas, lampião de luz falhada e lareira de tijolo vermelho. Arfadas de ar gelado, puro, privilégio de poucos. Chão da praça coberto de confetes e serpentinas com o batman e a Esmeralda em cavalos enormes, talvez fossem pôneis. Ovos de chocolate mal escondidos atrás do sofá e nós em esconderijos jamais revelados. O infinito da infância, tão pequena menina, revelava-se agora em flashes de memória, em noites em claro, só de céu. Céu escuro, escondido atrás de neblina ou via-láctea, palco antigo de onças pintadas, bruxas e borboletas azuis; Palco de mergulhos noturnos, cabanas na sauna, filosofias bêbadas de nexo e vinho. Havia um mistério entre as matas e os ipês, uma música não cantada feita só para lá. O último olhar, sempre o primeiro susto. Alma de bailarina, andava naturalmente nas pontas dos pés, com o cuidado de quem revive o passado entre um riso e outro, perdidos ali anos atrás. Não era fácil buscar todos. Estradas de terra, e água escorrida de chuva virara uma correnteza de folhas, correndo tanto quanto o menino que fugia do carro. Segredos de lanterna, planos de sótão, palavras de trio guardadas, "cartoon network yeah''. Ponte do rio que cai e redes, literalmente, caídas. Fondue de queijo e micos para quem deixasse o pão escorregar; Futebol de lama, corridas de papelão, mímicas nunca tão malfeitas e bem pensadas, terremotos em tabuleiro de War, disputas no baralho e na pesca de trutas. Poço feio, poço velho, algo por aí: Lindo. Mais uma arfada, um tanto de imagens e os olhos fechados, "aguando o bom do amor". Os restos construíam o todo: Moringa quebrada, ciprestes, eucaliptos, trilhas e pastores alemães. Sentados na estrada, esperando pela chuva ou pulando portões para a vista do sossego: Montanhas e pedras úmidas, com as mesmas ovelhas imóveis de sempre. Platô de reflexões, besteiras, fogueiras, refúgio de idéias.
Final de música, fim de tarde, descida da serra. E, pela primeira vez, voltava para casa com a certeza de que não esquecia nada ali. Nem nunca iria esquecer.
A saudade tem cheiro de hortência e gosto de feijão com paio. Cabaninhas de Edredom em beliches com histórias inventadas, lampião de luz falhada e lareira de tijolo vermelho. Arfadas de ar gelado, puro, privilégio de poucos. Chão da praça coberto de confetes e serpentinas com o batman e a Esmeralda em cavalos enormes, talvez fossem pôneis. Ovos de chocolate mal escondidos atrás do sofá e nós em esconderijos jamais revelados. O infinito da infância, tão pequena menina, revelava-se agora em flashes de memória, em noites em claro, só de céu. Céu escuro, escondido atrás de neblina ou via-láctea, palco antigo de onças pintadas, bruxas e borboletas azuis; Palco de mergulhos noturnos, cabanas na sauna, filosofias bêbadas de nexo e vinho. Havia um mistério entre as matas e os ipês, uma música não cantada feita só para lá. O último olhar, sempre o primeiro susto. Alma de bailarina, andava naturalmente nas pontas dos pés, com o cuidado de quem revive o passado entre um riso e outro, perdidos ali anos atrás. Não era fácil buscar todos. Estradas de terra, e água escorrida de chuva virara uma correnteza de folhas, correndo tanto quanto o menino que fugia do carro. Segredos de lanterna, planos de sótão, palavras de trio guardadas, "cartoon network yeah''. Ponte do rio que cai e redes, literalmente, caídas. Fondue de queijo e micos para quem deixasse o pão escorregar; Futebol de lama, corridas de papelão, mímicas nunca tão malfeitas e bem pensadas, terremotos em tabuleiro de War, disputas no baralho e na pesca de trutas. Poço feio, poço velho, algo por aí: Lindo. Mais uma arfada, um tanto de imagens e os olhos fechados, "aguando o bom do amor". Os restos construíam o todo: Moringa quebrada, ciprestes, eucaliptos, trilhas e pastores alemães. Sentados na estrada, esperando pela chuva ou pulando portões para a vista do sossego: Montanhas e pedras úmidas, com as mesmas ovelhas imóveis de sempre. Platô de reflexões, besteiras, fogueiras, refúgio de idéias.
Final de música, fim de tarde, descida da serra. E, pela primeira vez, voltava para casa com a certeza de que não esquecia nada ali. Nem nunca iria esquecer.
Regina disse
ResponderExcluirA saudade, nesses casos, é muito bem vinda. Significa que muito foi vivido.
Bjs