quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Outras doses


Perco a dosagem. Querendo ser um eu completo, confundo sorriso com sinceridade. Querendo ser um eu, que sei, ri à vontade, esqueço que tristeza também é verdade. Peço redenção, mas, mais uma vez, doso demasiado: recolho-me à casca e o mundo que se mostre. Longe, lá fora. E a política e a guerra, entre povos que não sei o nome. E a fome. Longe. Mas, perto, o corpo reclama. É uma questão de alma. E querendo ser um eu pacato, me vejo agora já ilhado -A quantas, me diga, a Terra tem girado?

E querendo ser um eu astuto, uno forças e fujo. Quebro a casca e penso: que a vida é não pensar. Aqui fora o tempo é curto, sem espaço pra sonhar. Volto à tona com vontade. E, querendo ser um eu maduro, torno-me um mim ignorante. Desrespeito o importante, que só tinha amor pra dar.

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