sexta-feira, 25 de março de 2011

Segredo do mundo

"O coração, se pudesse pensar, pararia" O meu palpite hoje não é puro, nem palpável, nada homogêneo. Não está no alfabeto, porque não é feito de letras. Aurélio não sabe o segredo. Talvez o guardem os chineses, em um de seus anagramas, protegidos por dragões seculares. Ou os Celtas! Na queda da noite daquelas festas místicas, um druida talvez o tenha percebido. Nesse caso, já era. Tá lá, sob o solo europeu, alimentando, com o segredo do mundo, a vida orgânica de milhões de microorganismos. Bem embaixo de nossos pés! Sapatos e saltos altos os pisam todos os dias, enquanto chapéus e óculos escuros não nos deixam nem a chance de procurá-lo pela via láctea, entre uma nuvem e outra que passa, entre uma geada e outra que quase nunca cai. O segredo do que? É o segredo da alma. Da vida que grita e sufoca, mas nós a sufocamos mais, porque a humanidade hoje é isso. É o epicentro do nosso umbigo. "Nosso" é um eufenismo, claro. A humanidade mesmo é o epicentro do umbigo do Obama. Do Kadafi. Do google! E o segredo dela é estampado, todos os dias, em outdoors, semanalmente nas novelas, e no Faustão aos domingos. O segredo escancarado e sem vergonha de quem manda e não quer ser visto, mas todo mês à mostra e em promoção nas vitrines. Certamente não falamos a mesma língua. O segredo que procuro é mais raro, discreto e um pouco menos exclusivista. O rumo que me sugerem, vem de um mapa criado por um umbigo, e eu não quero ser seu epicêntro. Não é esse o segredo do mundo, escondido em processos de evaporação ou no subsolo terrestre. Se eu fosse o celta que viu a queda da noite naquela festa mística, apostaria no palpite de que nada disso é tão relevante como dizem por aí. Por via das dúvidas, não deixo de atentar para o céu, para o solo, para a chuva, e quem sabe um dia, seja eu a ver tudo isso.

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